Nos idos tempos em que escrevia regularmente nos meus blogs, tinha uma espécie de rubrica em que reunia algumas sugestões de coisas que andava a ler, a ver e a ouvir. Eram coisas demasiado boas para ficarem só comigo, por isso partilhava-as com o mundo (com o meu pequeno mundo, pronto).
Decidi recuperar isso para aqui. Como? Simples: quinzenalmente, à segunda-feira, vais receber na tua inbox esta versão da newsletter.
Sem regras: não faço questão de me limitar na escolha das categorias que vou partilhando. É o que for. Às vezes podem ser músicas, filmes e um livro; outras vezes podem ser só livros, só séries, só músicas; outras, ainda, podem ser sítios onde fui e que acho que merecem uma visita (ou muitas).
Começamos hoje, sim?
Um livro a não perder
Este livro ficou guardado em mim porque, além do storytelling incrível que tem, é uma verdadeira lição de escrita. Se és dos que gosta de escrever e quer escrever melhor, sugiro mesmo que leias isto.
Aparentemente, é apenas uma história sobre um casal num momento de viragem. A acção passa-se em 24 horas, mas o livro conta a história daquelas personagens, começando muito antes daquele dia, e explica a razão por que chegaram àquele ponto. A maneira como os saltos temporais nos dão informação para enquadrar os acontecimentos daquele dia está mesmo muito bem construída: nada está a mais e cada evento tem o poder exímio de nos mostrar quem são estas personagens - e é precisamente por isso que este livro é uma lição de escrita fabulosa.
Aqui as personagens não são descritas. O que as constrói na nossa mente são as suas acções, os seus diálogos, as decisões que vão tomando ao longo do tempo.
Tenho de destacar Wallace. Esta mulher, mãe de uma das personagens principais, está tão, mas tão bem construída! Conseguimos vê-la nas suas palavras, nos gestos, nas entoações. Estar a lê-la é quase como vê-la numa tela, tal a mestria com que está feita.
Um texto que ressoou e fez estilhaços
Tenho encontrado algumas newsletters muito interessantes aqui no Substack. A maioria é de autoras brasileiras, e tem sido fabuloso perceber quão bem se escreve do lado de lá do Atlântico
A primeira que me conquistou chama-se Café com caos. A sua autora, Maíra Ferreira, é o tipo de mulher “quando for grande quero ser assim”, sabes? Estou a explorar a sua escrita (e o seu Instagram) aos poucos e a saborear cada palavra. Dizer que estou encantada com tudo é muito pouco perante o que tenho sentido.
As palavras desta crónica, “Quanto pesa a palavra escritora?”, ressoaram em mim de uma maneira que não esperava. E também a mim me pesa a palavra escritora e, embora já a use com mais frequência para me descrever, tendo a só a usar nos círculos em que me movo precisamente nesse papel. Sei que é um caminho, sei que sim, sou escritora, e sei que não tenho de pedir licença a ninguém para usar este termo. É o que sou, é quem eu sou e é a palavra que melhor me define, então porque não usá-la sempre que me apetecer?
Quem escreve, principalmente quem escreve há pouco tempo, ou quem a quem é dado reconhecimento pelo que escreve há pouco tempo, não deveria ter pejo em usar uma palavra que, apesar de ser a nossa maior palavra, é apenas uma entre os milhões que nos saem dos dedos.
Por isso, para mim, esta newsletter foi uma espécie de porta de um armário que se destrancou para que eu possa abri-lo sem medos: sou escritora. Pronto, armário. escancarado.
Uma música para que ajuda a escrever (e a concentrarmo-nos)
Esta música, que se tornou viral no Tik Tok (e um dia destes conversamos sobre o Tik Tok ser muito mais do que um sítio onde miúdos tontos repetem ad nauseum dancinhas patetas), tem potencial para se tornar uma companhia recorrente nas minhas sessões de escrita. Não é das que distraem mais do que concentram, nem das que me põem a cantar a plenos pulmões em vez de estar a escrever. Tem o equilíbrio perfeito entre melodias e vai ser maravilhoso deixá-la correr enquanto escrevo mais um bocadinho.
E por falar em música: a playlist que criei para a escrita deste meu segundo livro leva-me entre países à medida que vai correndo pelo Spotify. Um dia, quando puder falar mais sobre esta história, mostro-te as músicas que me levaram a estes novos lugares que já se instalaram na minha vida e na minha história.
O que andámos a ver
Depois de termos visto “The Last Kingdom” (que adorámos) e “Vikings” (de que não gostámos tanto), fechámos a temporada viking com este “Vikings: Valhalla”.
Achámos que era só uma temporada, mas não é (nem poderia, dado aquele final!). Haverá temporada 2. Quando? Não descobri.
Se quiserem ver estas, deixem o The Last Kingdom para o final. Vai ser fácil perceber porquê…
Todas estas séries são baseadas nas invasões vikings a Inglaterra, no tempo que que a Inglaterra ainda não era a Inglaterra. Os reis de que se fala existiram, as intrigas, eventualmente, não. Disto tudo, destaco uma das personagens do Vikings, que é das personagens mais incríveis desde o saudoso Tyrion, do Game of Thrones: Floki, o construtor de barcos. Aquele homem tem tanto, tanto sumo, e o actor que lhe deu vida é dos melhores que vi ultimamente.
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Que surpresa boa ver a indicação da Maíra aqui! O encontro de duas newsletters que me acompanham e nutrem ❤️