Banda sonora para hoje:
Setembro é sempre sinónimo de recomeço.
Agosto tira-me o fôlego, deixa-me letárgica e sem ritmo. Durante muitos anos, agosto foi o meu mês das férias. Deixou de ser quando percebi que precisava de descansar mais cedo. Adotei julho como mês de paragem - obviamente, nunca um mês inteiro, que não nasci herdeira (com muita pena minha).
Em agosto, desligo sempre a ficha. Não treino, não escrevo, não faço nada que exija grandes esforços. Limito-me a existir em serviços mínimos: trabalho, casa, família, respirar. Nem sempre por esta ordem.
Perco mesmo o ritmo. Não me apetece escrever, não me sinto capaz. São trinta e um dias de braquicardia.
Depois, setembro.
Agenda nova.
Rotina nova.
Ideias novas.
Vontades novas.
Recomeço.
Abro setembro com o regresso aos transportes. Isto significa mais tempo para ler. Na semana passada, farta de scrolls infinitos nas redes sociais (que não levam a lugar nenhum, já todos sabemos, mas entre saber e agir sobre este conhecimento vai um comboio de coisas), decidi fazer o esforço consciente de largar mesmo o telefone e agarrar em livros. Terminei o O Terceiro País, que amei (e sim, a Karina Sainz Borgo ocupa um lugar muito cimeiro na minha lista de escritores preferidos, e este livro é fabuloso e merece ser muito lido), li O Pequeno Restaurante da Felicidade (que não me encheu as medidas, mas que li em quatro ou cinco horas divididas por duas tardes) e li o As Primas (de que gostei mas que não me arrebatou, e que li em três dias).
Ontem comecei a ler o VozdeVelha, que comprei como autopresente de aniversário. Ainda não sei se estou a gostar, mas consegui vir os 45 minutos do percurso desde a estação de partida até entrar no escritório a ler (incluindo nos bocados em que ando a pé, sim). Missão cumprida, portanto.
A minha única questão com isto de voltar aos transportes são as pessoas que insistem em falar altíssimo, seja para o vizinho da frente ou do lado, seja ao telefone. E as que vêm o caminho todo a ver vídeos no Youtube com o volume no máximo. Pessoas. Sempre as pessoas.
A parte boa é que posso efetivamente vir a ler, e é o que tenciono fazer nos próximos tempos (já que não dá para vir a escrever). (Ou talvez dê…)
Setembro também é o mês em que regresso ao meu livro. Começo já hoje.
Na última newsletter, quando perguntei se queriam acompanhar o processo de escrita dele, a resposta foi unânime.
Então e como é que isto se vai processar?
Sexta-feira passa a ser dia de newsletter. Não vou falar só do livro, claro. Mas vou aproveitar a boleia da escrita para me tornar mais assídua por aqui. No final de cada newsletter faço um ponto de situação e uma antevisão do que vou fazer a seguir. E tenciono ir deixando uma ou outra frase do livro - obviamente, nada demasiado revelador porque ninguém quer spoilers.
Posto isto…
Semana #1
Ponto de Partida
Tenho 4263 palavras escritas. (Os livros “medem-se” em palavras e não em páginas porque as formatações são altamente enganadoras e uma página tanto pode significar 200 como 500 palavras, dependendo da fonte que usamos.)
Tenho uma página de Notion com espaço para toda a informação sobre o livro.
A seguir
Portanto, o primeiro passo, nesta fase, será escrever uma espécie de sinopse da história (que poderá ir mudando à medida que vou escrevendo, porque uma coisa é a ideia inicial e outra - às vezes bem diferente - é o resultado final… porque há alturas em que os livros se escrevem sozinhos!). Apesar de já ter começado a escrever o livro, sinto que preciso de passar para o papel o que se vai passar ali, de modo a não me perder.
Depois, será altura de me dedicar às personagens. Uso umas fichas, também no Notion, onde construo cada pessoa que salta da minha cabeça para o papel. Estas fichas são bastante aprofundadas e servem para eu saber exatamente de quem estou a falar. Incluem coisas como informação básica (nome, idade, data de nascimento, profissão), detalhes (como as cores de olhos, cabelo e pele, sinais e marcas que possam existir e tudo o que seja distintivo desta personagem) e construção de caráter (como é que a personagem é, quais as suas motivações, do que é que tem medo, o que é que a alegra, etc.). A ideia é não me perder e não dizer que a Ana é loira na página dez e depois, na página cem, dizer que o seu cabelo negro refletia a luz ténue da sala, por exemplo.
Ainda não sei se vou estruturar os capítulos da história ou se a vou deixar fluir. Eu sou uma pessoa com laivos (fluorescentes e a piscar) de control freak, pelo que sinto que preciso da segurança que ter a história toda bem alinhavada me dá. Correu bem com o primeiro, e penso que não há razão para que corra mal agora. Portanto, sim, a seguir será altura de dividir a história em capítulos e só depois será tempo de voltar à escrita mesmo. (Percebeste que tive aqui um momento de tomada de decisão enquanto estava a escrever? Acho que vai acontecer muitas vezes daqui em diante!)
Ao longe, o meu pai observava-nos. Ainda mais ao longe, a minha mãe descascava bocados de verniz estalado das unhas.
O que quero ler a seguir
Estou comprometida em ler o que tenho em papel há demasiado tempo nas estantes lá de casa. Estes são os livros que quero ler em breve. Se tiveres lido algum, diz-me o que achaste na caixa de comentários. Assim consigo organizar melhor as prioridades.
Tenho este livro há demasiados anos à espera. A maioria das miúdas do The Killer Book Club já o leu e amou. Na altura em que o leram não consegui acompanhá-las, mas quero mesmo ler e perceber se me apaixono como elas.
Leila Slimani é outras das escritoras que mais aprecio. Estou mesmo muito curiosa com este livro que se passa num dos meus sítios preferidos: Marrocos.
Pachinko foi outra das compras a que não consegui resistir. Acho a capa um pavor, mas sei que a história é maravilhosa. Ainda não lhe peguei porque… nem sei bem porquê.
Termino a lista com este livro de estreia de uma jovem autora portuguesa. Já li imensas críticas e percebi que não vai ser uma leitura leve. Mas eu sou das coisas difíceis e aposto que vou gostar mesmo muito.
A minha ideia é ler estes (e eventualmente mais algum) durante setembro. Portanto, na primeira sexta-feira de setembro voltarei à lista dos livros que quero ler a seguir. E na primeira sexta de outubro faço um apanhado do que li em setembro.
Vês? Começou o ano e já tenho aqui uma série de compromissos contigo, que lês esta newsletter. Vamos ver se os consigo cumprir (podes dar-me um piparote se vires que começo a saltar sextas-feiras!).
Li o Pachinko e o Leme e adorei os dois ❤️ O Leme lê-se bem mais rápido (tanto pelo número de páginas como pelo modo de escrita que flui muito naturalmente apesar de não ser um livro leve). Depois dá o teu feedback 😉
O Leme lê-se mesmo muito rápido. Gostei! Os outros também andam aqui à espera da sua oportunidade para saltar para o topo da lista 🤦♀️