Entre o último post e este, muita coisa aconteceu.
Mudei de emprego.
Tive uma pausa entre empregos.
Entediei-me.
Descansei.
Escrevi.
Li.
Fui ao Norte.
Fiz desporto.
Fui a sítios novos.
Reconstruí-me.
Depois de oito anos e meio na empresa anterior, foi tempo de fechar a porta e mudar de ares. Foram oito anos e meio muito bons, com muita gente maravilhosa à minha volta, com o melhor chefe de sempre, com um CEO que é muito provavelmente a pessoa mais inteligente que conheço (e duvido que alguma vez ele perca este lugar). Mas, ao fim de sete anos e meio, começou a instalar-se o sentimento de que aquele caminho estava a chegar ao fim. É normal. Portanto, quando percebi que era o fim da linha para mim, comecei a equacionar quais seriam os meus próximos passos.
Mudar de emprego ou assumir o mercado literário como a minha próxima (e derradeira) fase?
Por muito que saiba que, um dia, quero viver DE e PARA escrever, a verdade é que não tive coragem. Ainda não. Talvez quando os meus filhos já forem autossuficientes. Talvez quando eu for a única pessoa a depender de mim. Mas, agora, ainda não.
Procurei emprego calmamente. Tive propostas que recusei porque representavam passos atrás. O meu namorado dizia constantemente um “a tua oportunidade há de aparecer”. E apareceu. No dia em que me cruzei com a empresa onde estou atualmente, senti uma coisa diferente. Como se soubesse que havia de ser ali. E foi. Foi um processo demorado, calmo, onde pude mostrar o que sou, quem sou e o que faço melhor. E a porta abriu-se.
Poucos dias me custaram tanto como o dia em que comuniquei ao CEO da ex-empresa que ia sair. Porque gosto mesmo dele e gosto mesmo da empresa. Mas já não estava a dar. Custou-me, chorei, emocionei-me, tive medo. As mudanças dão sempre medo, não é?
Parei um mês entre o emprego anterior e o atual. Aproveitei mesmo para descansar. Traduzi, comecei uma revisão, mas aliviei a pressão e permiti-me descansar. Na última semana de pausa já ansiava por voltar à rotina.
Continuo a trabalhar em Lisboa, mas mudei de zona. Tudo mudou. E a verdade é que chego a domingo à noite ansiosa por segunda, que era uma coisa que eu não tinha há mais de um ano.
Entro mais cedo porque quero. Apanho o comboio cedo, sento-me e vou a ler ou a rever texto. Demoro cinquenta minutos entre sentar-me no comboio e sentar-me à secretária. Já li imenso. Ando muito todos os dias e não me custa nada. cinco, sete, oito quilómetros. Depende. Treino à hora de almoço (e prefiro mil vezes o ginásio ao pé de casa que, apesar de ser da mesma cadeia, é infinitamente mais novo e mais limpo do que o que tenho à beira do escritório). Ou almoço com os meus colegas. Ou vou ao shopping tratar de qualquer coisa de que precise. A partir desta semana, passo a ficar em casa um dia por semana, que é coisa que me dá muito jeito para coordenar com a dança.
Reporto a duas pessoas: uma em Portugal e uma no estrangeiro. Sinto em ambas muita vontade de que eu ganhe asas. Estão ambos dispostos a ensinar-me e a aprender comigo. Na primeira semana, senti que o que eu trago à empresa é valioso e valorizado. Não ocorreu a ninguém a ideia de me tratar como uma serviçal. (O trauma é lixado, sabem?).
E depois.
Uma tradução para terminar. Uma revisão para entregar no fim de dezembro. Outra revisão para entregar no fim de dezembro. E um livro para escrever. Sendo que já meti os pés pelas mãos e preciso de corrigir esbardalhanços. Nada de grave.
E depois.
O facto de ter mudado as minhas rotinas todas fez com que tudo tenha mudado. Estou muito, mas mesmo muito mais motivada. Estou mais organizada nas áreas todas. Só ainda não consigo treinar com a frequência habitual, mas sinto que também isso vai ser encaminhado por estes dias.
E depois.
Ainda não acabei as Janelas. Há pelo menos mais uma que quero escrever. E quero converter isto num podcast.
E depois.
Desafiaram-me para criar um podcast de true crime. AMC Crime, estão a ouvir? Havendo patrocínio, avanço, vá. Há muito que quero fazer uma coisa destas. Falta-me o tempo e a organização para fazer investigação como deve ser. Há tanta coisa para contar, mas, felizmente, somos um país fraquinho ao nível do homicídio em série. E do homicídio sem ser em série também, na verdade. Quando comparado com países como os Estados Unidos, a Inglaterra e a Austrália, bem entendido. Porque, na verdade, acontece demasiada porcaria por cá. Só não é porcaria bem montada como a que se vê lá fora (e ainda bem). E há imensos casos interessantíssimos (lá fora) que não são conhecidos cá a não ser por gente doida, como eu, que segue isto. Chris Watts, Jodi Arias, Alex Murdaugh, Aiden Fucci. Entre tantos, tantos outros. Casos complexos, cheios de voltas e reviravoltas, gente muito má e gente muito inocente que morreu às mãos de gente muito má. O que é que ganhamos em saber isto? Depende da perspetiva. Mas talvez possamos ir estando atentos ao que nos rodeia.
O que ando a ler
Sabes aquele livro que é para ser lido devagar, sem pressa de o acabar? É este. Mergulhei nele assim que saiu e tem sido uma leitura constante, mas saboreada quase palavra a palavra. Estou a amar tudo neste livro e não quero que acabe. E sim, estou cheia de vontade de ir a Nova Iorque…
Valérie Perrin assumiu muito facilmente o lugar cimeiro no pódio das minhas escritoras favoritas. Este livro, o primeiro que ela escreveu, é mais uma vez justificação para a posição que ela ocupa para mim. De novo: estou a ler devagar, a saborear, e com pena de não poder mergulhar nele de cabeça. Mas… o tempo… e o trabalho… e a vida… Enfim. Quero muito terminá-lo e sei que não me vou desiludir.
Livro do mês de dezembro do The Killer Book Club. É o segundo livro desta autora que lemos e estou a gostar mesmo muito. Cada vez que o abro, a sensação de frio é bem real. Estou ainda no início e não sei bem o que esperar mas, para já, estou agarrada à história!
Mais um para saborear devagar - neste caso, não exatamente por não querer que acabe, mas mais porque vou lendo outras coisas quer em trabalho (uma tradução e uma revisão a meio, pois), quer porque sim. Apaixonei-me às primeiras páginas e sei que é um livro que vai ficar comigo durante muito tempo. Creio que só o vou terminar em janeiro mas… é mesmo por falta de tempo, vá.
Decidi reler toda a obra do senhor Chris Carter porque sim, porque me apetecia voltar aos thrillers mais bem escritos de sempre. Estou no terceiro livro da série (são doze, no total) e, claro, completamente encantada - apesar de já ter lido tudo, a verdade é que estou a ler como se fosse a primeira vez.
Chris Carter é genial na carga que põe no que escreve. Os seus homicidas são sempre doentios a um nível absurdo e a forma como todas as pontas se unem e como tudo funciona é de alguém exímio na arte de construir tramas complexas.
O que ando a ouvir
Parece que há um padrão, não é? Se calhar, há mesmo. Ando a ouvir este podcast há imenso tempo. Quando o descobri, comecei do início e ainda estou no início de 2021 (apesar de este episódio ser o desta semana). É mesmo para ir ouvindo no carro, no banho e a cozinhar. Quando chegar ao final, retorno ao meu outro podcast do costume, o Anatomy of Murder, do qual já tenho aí meio ano de episódios em atraso. Sim, é para intercalar quando os tiver em dia mas, até ver, estamos assim.
Quase Natal
E eu quero muito voltar a escrever o meu livro. Preciso de fechar os processos que tenho abertos para me dedicar a ele. Preciso de me concentrar e de focar as minhas energias numa coisa de cada vez. Sem pressas, mas sem me demorar.
Vemo-nos por aqui!
A vida trata sempre de nos colocar nos carris certos, não é? As mudanças dão sempre medo. Ninguém gosta de trocar o certo pelo incerto. Mas a verdade é que que quando mudamos ficamos mais corajosos e isso empodera-nos. Boa sorte nesta nova viagem da vida. Estou ansiosa pelo novo livro. E se fizeres o podcast eu vou ser a ouvinte fiel (True crime lover forever).