2024 está a ser um ano bastante profícuo em leituras. Sabe Deus como.
[Bom, na verdade, é fácil perceber: estou entre revisões, não tenho escrito muito, não ando a ver séries, não me lembro do último filme que vi.]
Final de fevereiro e 11 livros na conta (ainda sou capaz de terminar um até ao final do mês, mas vá).
Temos um mauzinho, um médio, quatro bons e cinco excelentes. Se isto é discutível? Com certeza!
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Começo pelo que foi fabuloso, porque não me apetece deixar o melhor para o fim. Destes onze, os que conquistaram o meu coração foram estes:
Já todos sabemos que o João Tordo é um dos meus escritores preferidos. Deixei três livros dele por ler, para ter material com que me entreter enquanto ele está entre publicações, mas não fui capaz de resistir a este, assim que ele saiu. Neste romance, João Tordo volta ao ambiente soturno de Nova Iorque, onde ja tinha andado no Hotel Memória (que é um dos meus livros favoritos dele). Está tudo cá: a escrita dele, as personagens cheias de camadas e segredos e peculiaridades, e, claro, a decadência da cidade, a parte que não se vê em viagens de turismo e que não aparece nas redes sociais. Foi uma leitura lenta (de propósito, para fazer render), mas adorei TUDO neste livro. 5/5
Se é Perrin, é bom. Isto é um facto científico não sujeito a contestação. Por acaso, só consegui pegar neste livro à segunda tentativa. Quando lhe peguei pela primeira vez, não estava na disposição certa (eu sou dessas que lê consoante o estado de espírito, sim), por isso, parei nas 50 páginas e deixei repousar. Voltei a ele mais tarde, recomecei e foi de supetão até ao final. É mais uma história «à la Valérie»: contada a dois tempos, focada na vida de duas personagens principais, com imensos detalhes ali pelo meio. Eu acho que é impossível não gostar da senhora Perrin, pelo que não me surpreendeu nada que me tenha apaixonado por este livro também. Ansiosa pelo próximo? SIM! 5/5
Assim que pus os olhos nesta capa e neste título, aconteceu aquela magia do costume: quero, e já sei que vou amar. Adivinha? AMEI…
Aqui acompanhamos a vida de três mulheres que vivem no mesmo prédio, em Madrid. São vidas muito diferentes, mas todas carregadas de sofrimento. Temos a jovem mãe vítima de uma relação altamente abusiva com um namorado absolutamente tóxico (e sentimos o definhar dela no escorrer das páginas), temos uma emigrante colombiana que fugiu da sua terra natal depois de um terramoto ter destruído a sua cidade e que acabou em Madrid a tentar construir uma vida melhor que lhe permita sustentar os filhos que deixou na Colômbia; acaba a trabalhar como ama dos filhos gémeos de um casal endinheirado, casal esse que ultrapassa em muito a escala do aceitável na forma como a trata, e temos uma mulher marroquina que vai para o sul de Espanha para as temporadas de apanha de morangos, também em busca de uma forma de alimentar o filho e a mãe, que continuam na sua aldeia, em Marrocos. A dada altura, o filho foge de casa e ela é obrigada a correr até Madrid para tentar encontrá-lo. Todas estas mulheres sofrem violências imensas, e sentimos a dor delas a cada página. É daqueles livros que têm de ser lidos. 5/5
Este livro foi livro do mês no meu The Killer Book Club e não dei conta de ninguém que não tenha gostado. Disclaimer: não é um thriller. Mas. Está muito bem construído, a Fern, personagem principal, é adorável, e o Rocco/Wally faz com ela um par muito, muito giro. 5 estrelas porque foi um vê-se-te-avias a ler isto, página atrás de página, sem conseguir parar. Gostei mesmo, mesmo muito. 4,5/5
Depois, ali na faixa dos bons, houve estes:
Eu não sou nada de fantasia, lembras-te? Pois. Mas li este e gostei mesmo muito. É uma espécie de fantasia steampunk, passada na altura da Revolução Industrial, numa terra que se parece muito com Inglaterra (mas não é). Não é alta fantasia, no sentido em que o world-building não é assim uma coisa muito diferente do real. Deu-me muitas vibes de Game of Thrones pelas disputas entre poderes e pelas intrigas que por ali se engendram. Há sequela e lá chegarei… (este não leva link porque falarei dele muito em breve, noutro contexto…) 4/5
Irmão mais novo do Os Meus Dias Na Livraria Morisaki, que li no ano passado e não amei, este é bastante melhor. Apesar de ter aquela escrita seca, muito ao estilo dos japoneses (que eu não aprecio por aí além), tem muito mais sumo e está, no geral, mais interessante. É um livro pequenino, que se despacha numa tarde, e que vale bem a pena. 4/5
A Maria Francisca Gama não pôs um trigger warning no livro, mas eu sinto que precisava de ter lido um (e eu até sabia ao que ia). Li-o num dia, fui incapaz de o pousar até o terminar. Mas doeu. Não é fácil, é extremamente gráfico, mas absolutamente necessário. É de uma violência brutal. Tem das cenas mais bem escritas que já li (não vou dizer que tipo de cena é, mas é violenta). Tive a mesma sensação a lê-la que tinha tido há uns anos, no cinema, a ver o Irreversible. E se conhecem este filme, depressa chegam ao tipo de cena de que estou a falar. Gostei mesmo MUITO da escrita da Francisca, sinto que teve uma evolução tremenda desde o A Profeta (onde senti demasiado a idade muito, muito jovem dela, quando o escreveu). Aqui está a escrita de uma mulher feita, e só posso ter muito, muito orgulho de viver na mesma época que ela. Leiam. 4/5
Mais um livro do mês do The Killer Book Club. E mais um livro que toda a gente adorou. Gostei muito, mas achei demasiado extenso (só porque sou ansiosa e gosto de despachar livros cheios de perguntas em menos tempo!). Senti demasiado a “presença” do João Tordo e do Joel Dïcker neste livro (dois dos autores preferidos do Miguel), e gostava de ter visto aqui uma edição de diálogos como deve ser — porque, às tantas, pareceu-me que toda a gente falava da mesma maneira, e há coisas que não se dizem em diálogo (como “far-lhe-ei” — ninguém diz isto na vida real, em discurso direto). Os meus olhos de revisora lixam-me a vida, porque apanham coisas que, antes, me passavam mais ao lado. Mas há coisinhas na revisão que precisam de afinação para a segunda edição — e tenho a certeza que o Miguel vai tratar disso.
Bom, mas sobre a história: uma ilha fictícia, na costa de Lisboa, três crimes cometidos no final de agosto de 1985. Um jornalista com bichos-carpinteiros (e uma reputação e uma carreira para tentar recuperar), um documentarista com segredos. Uma comunidade fechada, onde muito não é exatamente o que parece. Quase 30 anos depois dos crimes, o jornalista volta a investigar o caso e acaba por descobrir o que se passou. Com muitas voltas e reviravoltas e isto não é o que parecem, afinal se calhar é, afinal não é, olha era, ah, espera, não. Muito feliz por finalmente termos bons thrillers a serem escritos em Portugal! 4/5
O assim-assim foi este:
Li o livro de estreia (em edição tradicional; não vou contar os anteriores) da Maria Francisca Gama no início do ano e não amei. A escrita ainda incipiente, a edição a pedir mais sumo. Senti que se abordam todos os grandes temas (o suicídio, as drogas, a prostituição, o adultério, o jogo, etc.) e que não há um verdadeiro aprofundamento de nenhum. A premissa era boa, mas sinto que pecou por ter sido escrito tão cedo. Ainda assim, é um livro pequenino que se lê bem. 3/5
E para terminar, o mais fraquinho de todos (com muita pena minha, que queria ter adorado este livro!):
Agnes é uma jovem arqueóloga oriunda de Barcelona que acaba em Londres a tentar encontrar emprego num dos grandes museus da sua área. Não consegue, e acaba por ir parar a uma livraria onde acontecem coisas estranhas à quinta-feira. Como a chegada dela ali. Nesta livraria reune-se um cardápio de personagens que tinha tudo para ser fabuloso… mas que acaba a ser só raso. Todas as personagens são altamente estereotipadas, e as situações que podiam dar alento a este livro acabam por ser mal exploradas. Ainda assim, é um livro que se passa numa livraria, e só por isso já vale o tempo. 2/5
Ah, e tal, só estão aqui 10 livros. Verdade. O 11º foi o The Death Sculptor, do Chris Carter, que reli. Mais uma vez, dei 5 estrelas porque… não dá para dar menos! A minha ideia era reler todos os livros dele até junho, quando sai o 13º da série, The Death Watcher, mas não vou conseguir. Ainda assim, vou reler tudinho. Menos os livros 6 e 10, que reli no ano passado.
Até breve!