Já perdi a conta às vezes que disse que padeço de uma condição crónica chamada Síndrome do Impostor.
Podem dizer-me mil vezes que não tenho razões para isso, podem provar-mo por A+B, não importa. Cá dentro, o ADN tem uma coisinha impressa que diz tu não és assim tão boa e um dia o mundo vai descobrir que és uma fraude.
Mas, enquanto isso não acontece, o que é facto é que, de vez em quando, vêm ter comigo coisas que eu acho bastante inusitadas.
Por exemplo: daqui a uma semana e pouco, vou estar num retiro de escritores. A escrever, como todos eles? Não. Como autora convidada para dinamizar uma sessão de escrita (que vai ter muito que ver com revisão o que, por conseguinte, me assusta ainda mais). Alguma vez imaginei que isto fosse acontecer? Nunca.
Mas, ainda mais estranho do que isto, foi o dia em que uma amiga (a quem já devia ter sido diagnosticado um grau de loucura incompatível com a vida fora das paredes de um hospital psiquiátrico) (estou a brincar) (e acho péssimo sentir necessidade de escrever este parêntesis) decidiu desafiar-me a fazer mentoria com ela.
Como assim, mentoria? Quer ser minha mentora de alguma coisa? Não.
Quer que eu faça com ela uns meses de mentoria de escrita. Que a ajude a desencravar. Que a “obrigue” (foco nas aspas) a escrever. Que a desafie, que a oriente, que a leve pela mão.
Obviamente, achei que ela era doida quando me sugeriu isto. Mas depois conversámos. E começámos a alinhavar ideias e a projetar a coisa. Está tudo encaminhado e, a partir de setembro, esta minha amiga vai parar de inventar desculpas para não escrever, vai parar de papar todos os cursos de escrita que apanha e vai… escrever.
[E atenção que eu acho que os cursos de escrita criativa são ótimas ferramentas para desemperrar uma série de coisas e não está fora de questão vir a dar cursos destes. Mas um por pessoa, dois, no máximo, chegam bem. Não é preciso fazer 800.]
Portanto, e resumindo, esta louca confia em mim para a ajudar a concretizar a ideia que tem há anos. E eu, que me questiono muito, que duvido muito de mim e que me fragilizo sempre com a crença de que não sou capaz… quero mandar abaixo estas ideias todas e quero efetivamente fazer isto com ela.
De caminho, porque eu própria tenho um (dois, na verdade) livro para escrever, vou aproveitar o embalo e vou fazer a mesma coisa que vou pregar. Vou dedicar-me, foi parar de duvidar, vou focar-me no que tenho para fazer. E vamos as duas escrever livros. (Até porque é muito mais fácil olhar para o projeto dela e ver o que é preciso fazer do que fazer isso com o meu. Clássico: casa de ferreiro, espeto de pau.)
[Acabei de decidir que vou manter um diário do projeto, para memória futura. E, sim, vou partilhá-lo aqui.]
Que maravilha! Que sejam incríveis, todas essas novas experiências. Aguardo esses livros! 🥰✨