Gosto de sushi, de gatos, de teckels, de adormecer na praia, de cidades cheias de movimento, de pessoas que sorriem com os olhos, de mãos grandes, de unhas arranjadas, do cansaço pós-ginásio, de música para adormecer, de tarot, de carros brancos, do calor do Alentejo no Verão, de The Weeknd, de ver o nascer do sol.
Gosto dos sorrisos dos meus filhos, de estar em silêncio numa igreja, do anel que uso no dedo anelar direito, de fazer viagens na A1 a ouvir (e cantar) música pimba, de me rir à gargalhada, de massagens nas costas, de festas no cabelo, de andar de mãos dadas na rua, de beber café na cama, de pensar a quatro, do Porto, das francesinhas do Tappas, do pôr-do-sol em Esposende, de não conseguir adormecer quando vamos só os dois em viagem.
Gosto do anel que uso ao peito, de cozinhar, de acordar tarde, de passear sem destino, de travesseiros de Sintra, de Somersby, de Drake, de gins à sexta à noite, de comida mexicana, de dançar até não sentir os pés, de fingir que sei cantar, de fazer surpresas, de oferecer presentes, de planear viagens, dos meus colegas de trabalho, de chegar a casa ainda de dia, de ler em todos os sítios, seja a que hora for, de ver os meus filhos crescer, de chá de menta e especiarias.
Gosto de filmes inesperados, de dramas que me fazem pensar, de noites de Oscars, de comédias românticas, de gelado de manteiga de amendoim (de tudo de manteiga de amendoim, aliás), de ler algumas pessoas no Instagram e aqui no Substack (olá, Ana Santiago, Raquel Felino, Ana Sousa Amorim).
Gosto de justiça, de debater ideias, de dizer piadas, mesmo que só me façam rir a mim, de documentários de true crime, de podcasts, de livros surpreendentes, de histórias de vida avassaladoras, do sorriso da minha mãe, das piadas infinitas do meu pai, da sorte que os meus filhos têm por estarem a crescer com os avós.
Gosto das minhas amigas, dos silêncios confortáveis, do cunhado que uma delas me deu, de ser do Benfica e de gostar do Porto, de conduzir, de ver basket ao domingo à noite, de caracóis e caracoletas, de pão torrado, de vinho verde, de café sem ser a escaldar, de andar pelas ruas do Porto (e ter pena de em Lisboa não haver coisas assim), de andar de comboio, de andar a pé, de ter aprendido a ouvir mais do que falo, de não deixar nada por dizer.
Não gosto de favas, de aguardente, de sentir frio, de ter sinusite e andar sempre a fungar, de não poder fazer uma volta ao mundo, de ter deixado o karaté, de ter uma grande amiga com uma filha doente, de ver os meus tios envelhecer, de saber que a minha avó não durará mais 43 anos, de me sentir pouco capaz.
Não gosto de expectativas defraudadas, de mentiras, de traições, de enganos, seja em que formato for, de perder tempo, de gente de mente pouco elástica, de ter de explicar piadas, de burocracias, de regras sem jeito nenhum, só porque sim.
Não gosto de saber que não sou imortal, de ter medo de adoecer e não ver os meus filhos crescer, de saber que não duro mais 90 anos, de ter menos tempo para escrever do que gostaria, de não ser suficientemente organizada para esticar o tempo de modo a escrever mais, de ser indisciplinada comigo, do que ando a ver ao espelho (e um espelho é só um espelho e mostra zero do que eu sou).
Não gosto de gente reles, poucochinha, que usa os outros só porque sim, de coisas de coco, de feijoada, de novelas portuguesas, de remakes de filmes do Vasco Santana, do Bairro Alto, de funk, de humoristas sem travões.
Gosto de sábados à tarde no sofá, de cappuccinos, de arrufadas, de pizzas feitas por mim, de lençóis acabados de passar, de ser cada vez mais reservada, cada vez mais sossegada, de adormecer em paz, de ter 43 anos, de ver os meus filhos avidamente agarrados a livros, do bebé da minha melhor amiga, do que estou a construir, de cemitérios, de epitáfios engraçados (porque não precisamos todos de apodrecer debaixo de clichés).
Gosto de escrever aqui, do feedback que vou recebendo e de nunca ficar sem assunto. Gosto de me sentir cada vez mais escritora, de não ter escassez de ideia nem de palavras.
Gosto de sentir que nunca estou sozinha, porque efectivamente nunca estou.
Xiii, os teus posts tão antigos que lia nos teus blogs e que me fizeram também escrever alguns gosto/não gosto nessas alturas.
Obrigada😘
Gosto de ti e de tanta coisa que escreveste e que já partilhamos. Beijo🧡