Há uma série de coisas que sempre quis muito, mas nunca imaginei que se concretizassem (até se terem efectivamente concretizado):
ter o meu nome nos cartões de cidadão de pessoas que não eu (ou seja, ser mãe de pessoas);
ganhar dinheiro em concursos de televisão;
ter o meu nome na capa de um livro;
ter um selo a dizer “2.ª edição” na capa de um livro.
As coisas só são impossíveis até se realizarem, não é?
Esta saga do livro foi gira.
Eu achei que a minha primeira edição seria de 1.000 exemplares, como é habitual em Portugal (excepto no caso dos autores conceituados, que imprimem bem mais do que isso).
Enganei-me.
Quando percebi que a chegada aos 1.000 exemplares vendidos não significava uma nova edição, o sentimento foi de semi-frustração. Porque eu sei como é difícil vender livros em Portugal, mais ainda sendo uma autora estreante que não está a ser apoiada por nenhuma das novas livrarias online geridas fora dos grandes grupos editoriais, que não vem de um meio ligado à literatura, nada. Achei mesmo que a segunda edição nunca ia chegar, porque julguei impossível vender aquilo tudo da primeira.
Enganei-me.
Há umas semanas, recebi um mail absolutamente inesperado da editora a dizer-me que estávamos a caminho da segunda edição. (Aqui houve também segunda edição dos pulos de alegria que já tinha havido quando soube que o livro ia mesmo ser publicado.)
Voltei a olhar para ele, confirmei as alterações que lhe queria fazer (sim, houve picuinhices a corrigir, mesmo com não sei quantas revisões feitas por cinco pessoas diferentes - portanto, imaginem o que acontece quando tentam publicar coisas sem revisão nenhuma...), e a coisa avançou.
Fui buscar os meus exemplares esta semana. Voltei a sentir o formigueiro na barriga (mas já não saí da editora em contramão, porque há mínimos, não é?), voltei a olhar para ele como se olha para um filho acabado de nascer - fui eu que fiz, aquilo é meu e agora vai ser do mundo!
Não podia estar mais feliz.
O meu sonho, o tal que envolvia vender 1.000 exemplares, fui superado. Fico mesmo, mesmo feliz por continuar a receber mensagens de leitores, fico mesmo feliz por me pedirem livros autografados, e só tenho pena de nunca me ter cruzado com ninguém a comprar o meu livro numa livraria - porque era menina para me meter com a pessoa e perguntar se ela se importava que lhe assinasse o livro!
Para terminar, e porque já me perguntaram isto várias vezes: vem aí o Natal e coiso, e sim, é possível eu enviar livros autografados, se quiserem oferecê-los a alguém. Estou à distância de uma mensagem no Instagram e a logística disto é fácil.
Afinal ainda não terminei: agora é que é.
Obrigada a vocês, que têm sido incríveis nisto. Obrigada por acolherem este livro, por me acolherem a mim, uma miúda que só quer contar histórias e fazer-vos sentir coisas. Obrigada por acreditarem na nova literatura portuguesa. Temos autores conceituados muito bons, mas há por aí sangue novo maravilhoso a correr. Não se acanhem perante os novos, dêem-nos uma oportunidade e ajudem-nos a renovar esta arte que, sem os novos autores, vai morrer daqui a poucos anos.
Parabéns! E que venham ainda mais edições - porquê parar na segunda? É acreditar na sabedoria popular: não há duas sem três.
Muitos Parabéns!! :D